segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A VERBOSIDADE DA MULHER

Eita que gota serena
Dessa língua tão afiada
Dizer que fulana é quenga
Que Zeca comeu a empregada
Que Pedro quebrou a perna
Subindo pra chegar no telhado
Que Tripa andou trepando
Pulando a cerca do lado
Que o galo não tá cantando
Na fazenda de seu Aderaldo.
A língua desaforada
Que fala da vida do outro
Dizer que o cumpadre comeu carne
E que hoje ele roeu o osso
Que Mané soltou um peido
Que Odete levou um coice
Que Zezinho cortou o dedo
Abrindo a lata de doce.
É um fuxico arretado
Que se espalha em boca em boca
Toinha que era virgem
Hoje não tem fama de moça
Que Onofre não é mais crente
Que a cobra engoliu um sapo
Que José viu lá na serra
Dois homens cabra safado
Fazendo o que não devia
No mato todo enroscado
Eita que língua ferina
Que fala de deus e do diabo!
Não sei como não cansa
Comendo e cuspindo no prato
Falando de noite e de dia
Até do pentelho do macaco.
Falando da vida alheia
Até do morto que tá enterrado.
Tomara que um dia essa língua
Da boca caia no chão
De tanto falar desse povo
Da vida de um cidadão
Será que essa língua infame
Com o corpo caberá no caixão?
Que ficará debaixo da terra
No inferno sem a salvação.
Agora terminando essa rima
Com uma simples interrogação
Não querendo modificar a história
Quando Deus fez esse mundão
Deixou escrito num livro
O começo da criação
Mas antes que me falhe a memória
Será que Eva comeu a fruta
Ou a cobra Comeu Adão?







Walter Poeta














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