No sertão
O sol quente de manhã cedo
Mandacaru com flor nascendo
A seca que mete medo
mato verde na terra morrendo.
Caminhando com os pés no chão
Calo seco debaixo do dedo
Fome nos olhos de um gavião
lenda que é segredo.
O candeeiro continua aceso
De ontem que virou hoje
Por dentro me sinto prezo
Feito um pássaro que longe vejo.
No lugar que vivo agora
Pão e água é o meu desejo
A noite não me apavoro
A rede é o meu sossego.
Pensando de madrugada
Dos espinhos na flor nascendo
Nessa vida chata e ingrata
O urubu lá fora sobrevivendo.
Valei-me meu deus que anda nos vendo
No derradeiro dessa noite mansa
O diabo anda solto ao meu lado
Vendo o outro alí morrendo.
Walter Poeta
Nenhum comentário:
Postar um comentário